Local Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, Ericeira
Data 23 de maio a 21 de junho 2015
Imprensa Jornal de Mafra
Técnica mista sobre tela
100 x 90 cm
2015
"Janela Indiscreta #1"
Técnica mista sobre tela
100 x 100 cm
2014
"Janela Indiscreta: interioridades”:
«A casa, mais ainda que a
paisagem, é um “estado de alma”. Mesmo reproduzida no seu aspeto exterior, ela
fala de uma intimidade». Gaston Bachelard
Os cenários interiores, não acessíveis mas
reconhecíveis ou imagináveis, evidenciam aberturas e orifícios que convidam à
participação do observador. O ato de espreitar através da fresta,
postigo, fechadura, janela ou porta para a interioridade do Outro torna-se um
comportamento voyeurista: o prazer da observação de intimidades alheias. Estas
reminiscências transportam para o filme “Janela Indiscreta” de Alfred Hitchcock
em que a invasão à privacidade é patente e a curiosidade trespassa a esfera
privada. As janelas que se abrem, as paredes que se quebram e as portas que se
escancaram mostram o ritmo diário do quotidiano feminino por entre espreitadelas
ilegítimas e indiscretas. O vasculhar ilícito do observador ativo, que vigia a
interioridade do espaço doméstico, é-lhe absolutamente prazeroso relembrando,
também, os cenários íntimos impressionistas onde se fingia contemplar a
anatomia feminina e representavam-se mulheres em situações privadas. O voyeur
esconde-se por trás do óculo, cortina, nuvem, poeira, cela ou limoeiro representados
no primeiro plano destas interioridades que revelam cenas da identidade
feminina.
Esta
série desvenda a essência e a pureza de um universo privado, restrito, pessoal
e íntimo evocando e materializando lugares comuns que guardam histórias armazenadas
na delicadeza das figuras. “Janela Indiscreta: interioridades” enfatiza a serenidade na Casa de um território
proibido ao Outro perpetuando memórias pessoais entrelaçadas pela ambivalência:
o interior e o exterior.
Lara
Roseiro
Abril
2015
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